Friday, May 12, 2006

Reticências. . .

O Céu como tapete, lustroso e reluzente. Obra de instrumentos de suplício transcendentais, caóticos ou não, enfim; apenas meios para coroar um fim mais importante. No firmamento brilhava uma pálida luz, sinistra quase presságio de morte, envolta em todo esse mistério deslumbrante pairava Lua; e as nuvens que eram como enfeites num imenso céu pontilhado com estrelas apenas ornamentavam seus limiares que brilhavam qual prata debruada em seus contornos.
Nesta noite as gotas caíam aos borbotões nas terras relvadas em que erguiam-se juncos e carvalhos muito altos, e era entre seus finos ramos que deitavam-se as lágrimas do céu movendo-se tonitruantes no ermo da escuridão. Uma cabeça espia por uma fresta na madeira envelhecida de um portentoso carvalho.
- Mas como pode haver a chuva? sem os delicados braços que a acompanha para deitar-lhe sobre a terra? -Questionava-se o pequeno enquanto seus olhos reviravam-se nas órbitas pensativos.-

E naquele instante rompe o céu uma fina e tortuosa fenda luminosa, que envia fáculas diretamente aos olhos do pequeno que encolhe-se em seu esconderijo,assombrado.

- Há coisas no vasto atro. - Referindo-se inconscientemente ao mundo e ao universo, pois essas palavras e conceitos a ele eram estranhas. - ... que não podemos apreciar ou desvender e cabe a nós apenas vislumbrar.

E a partir deste dia as alvoradas que não acompanhavam o Sol e os ocasos que não coroavam a noite passaram por ele despercebidos. Pois em uma mente que não concebe subdivisões e limitações: Integra-se ao todo e compreende do íntimo o que a turva mente que raciocina esquarteja para ufanar-se.