Sunday, September 17, 2006

Ensaio

Sempre que pronuncio a palavra "ensaio" imagino uma pessoa desajeitada sacolejando sobre pernas não muito firmes. Essa pessoa remexe-se sobre os quadris de forma engraçada e fica apoiada pela parte lateral das solas dos pés. O movimento de quadril é longo e nada ritimado. É assim que me sinto com relação a esse texto só que, no meu caso, engatinhando.

¦3 *defenestrado*


Seguindo estritamente a etimologia da palavra: dizem que paixão encontra seu cerne no radical "passio", termo do latin, que significa sofrimento ( e não falarei agora sobre a paixão mas sobre outro palavra ). É importante notar que este mesmo radical pode compor uma distinta palavra que, pelo menos para mim, soa como misericórdia cristã. Esta palavra "filha" que contém o mesmo cerne é a "compaixão". Que é a compaixão senão ato de respeito estrito e extremamente cristão? É a sublimação máxima da bondade e altruísmo que o ser humano pode manifestar. Sentir compaixão de alguém é, antes de tudo, apiedar-se e consolar quem sofre. Consolar quem sofre de amor, quem sofre de ódio ou quem sofre da dor carnal, quem está espiritualmente perturbado ou emocionalmente abalado. Ter compaixão é se posicionar exatamente acima de quem sofre, é a piedade em sua manifestação mais sarcástica. Quem nunca quis descortinar um belo horizonte pela manhã e ter derramado na fronteira do delírio do despertar um magnífico " Tens toda minha compaixão ", os que amam se frustrarão. Existem, porém, outros países onde o termo "compaixão", pela fonte diversa de onde a raiz lingüística do termo deriva (países como a Tchecoslováquia) , assume especial posição, digna de admiração de minha parte. A raiz determinante dá outras roupagens ao termo compaixão e transforma este ato singelo de egocentrismo cristão, como notado, na mais alta manifestação sentimental que pode pulular do imo de um ser vivente ! Nesses países a palavra compaixão toma a forma de " sentir com alguém " e não " sentir por alguém " ou " não ser apático com o sofrimento de alguém " como estamos acostumados.

-------(A compaixão diferenciada, segue. ) A sintonia existente entre duas pessoas, almas antes de mais nada, que tem a capacidade de "sentirem juntas" é consoante, vibram simultaneamente como um só, como os andróginos citados na mitologia grega*. A mais perfeita comunicação que se faz através de um "rio semântico" onde a partitura de ambos torna-se uma só. Onde as notas e as frases musicais de um tornam-se o ritmo e a paixão do outro. Antes de qualquer coisa esse "co-sentimento" é o evolar da pura magnificência do ser. A diferença entre o desenvolvimento destes dois termos está onde? Na evolução semântica?
É preciso compreender que por mais belo ou complexo que seja o desenvolvimento da palavra "compaixão", independente da descendência do significado, o ser que se prende aos extremos limites dos termos não será , verdadeiramente, um legítimo possuidor do sentimento. Pois a paixão o amor e a compaixão não são palavras. A palavra não sente, a palavra não é arrebatada pelo amor, a palavra não derrama uma lágrima por quem ama. A palavra apenas explica. A palavra é o mito para desmistificar as sensações incríveis que estão enclausuradas na carne de quem sente. Pois se o universo é realmente o infinito, este, não é a milésima parte do que podem ser os verdadeiros sentimentos. Ao fechar os olhos não se prenda ao escuro de uma prisão solitária: liberte-se para a eternidade do sentir e compreender, compreender o que está acima da imaginação, sem palavras, sem exclamações e sem a intenção do desmistificar. Apenas o sentir. Quando sente: o homem é seu próprio Deus, pois a fé na criação íntima e na vontade de unir-se a totalidade do universo é o verdadeiro dom da divindade. O dom de sentir, isto é amar.

7 comments:

hybrid_persona said...

Caro monsenhor das artes, menestrel de sílabas, bardo de poesia.

Quem é capaz de transformar uma análise em licensa poética? Licensiosidade ostensiva. És tu.

Quem tem compaixão não está acima de quem sofre, chéri. Às vistas de um pobre Pierrot, a compaixao está em sentir-se como um igual. Algém que entende o sofrimento, alguém capaz de entender e compartilhar, alguém que sabe transformar palavras em cura, gestos em anestésico. Alguém que seja um escapismo, que se torne um emaranhado de janelas.

Alguém que signifique liberdade.

Liberdade, algo que um belo amigo me ofereceu hoje.

Mais que um amigo.

Pierrot.

Takkun, ou Talles said...

Concordo, concordo...
De fato, palavras são frágeis por demais para de fato expressarem uma ínfima parte sequer daquilo que a alma sente. Até mesmo a própria palavra sentimento nada é sem o coração humano.
A compaixão dita neste texto pode ser comparada à caridade? Sendo a caridade o desprendimento material em benefício alheio, o prazer de fazer algo pelo próximo?
Bom, excetuando estas breves considerações, creio que sabes o que penso sobre o texto!

hybrid_persona said...

É, não.. não sei.
Mas posso imaginar, e agradeço.

Anonymous said...

Tama..

Eu li, mas nao posso dizer que entendi assim muita coisa..

qualquer coisa, eu leio isso daqui a um tempo e vejo se entendo ><

kisu~

Anonymous said...

- COMPAIXAO -

Repito: "sentir junto"

Ter compaixao por alguem tbm significa sentir o mesmo que a pessoa sente e assim compreendê-la melhor.

E pedir pra expandir-se ao fechar os olhos é o mesmo que pedir o coração de quem o faz.

... penso que amar e ter compaixao acabam nao sendo coisas tão dificeis assim afinal.

textos mais simples sao bem mais atrativos ^^/ parabens!

Simples e denso do jeito que o povo gosta XD





Salut!
ii/~~

Anonymous said...

^^ .. er .. ahaha .. ^^ ... *sem comentarios* seu texto me lembra o grande Verissimo pelo emprego de defrenestrado.. ah sim O_O pelo que eu saiba eu sou o Yoh-kun ç.ç oq este farssante faz por aqui?

Anonymous said...

Tama, vc é foda e eu te amo, e concordo com tudo o q vc disse.
AUHUIAHUIAHAIU
Concordo mesmo
amo mesmo
e acho foda mesmo.
xD
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