Monday, April 09, 2007

Retribuição Divina.

Um apelo, meus caros, pela desmarginalização da classe mais segregada e mal vista pela sociedade ordinária. As palavras.

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-Conheço a sensação de estar com os dedos ressecados, tão ressecados que sinto as cristas das pontas de meus dedos saltando para os abismos de meus joelhos. Conheço a sensação de ter os olhos fastidiosos, mas sem bocas para poderem sorver, nem ao menos capazes de se lamberem, oceanos da alma. Reconheço a sensação de observar-lhe vomitando palavras... e quando as vejo assim, pueris, nuas de sentido: meus olhos ressecam ainda mais para chorar-lhes um significado - que tu as negas ! -

Com os olhos revirados entre os limites orbitais, esparrama-se no trono em que se encontra, abre a boca, retorcida pela chicotada de suas bochechas zombeteiras, não sorri. Com os dedos flutuando, projetados pelo encosto dos pulsos, toca uma melodia nas cordas imaginárias de seu piano sem teclas. Aos seus pés dançam as ondas de um oceano de imaginação, reflexo de seu teto onde só existe o zênite: pois ignora o que circunda o vasto atro, já que seus olhos só observam o que há a frente. Em sua túnica miríade de sons conduzem os tecidos em amplitudes desconhecidas, pois sua sonoridade é exótica como o aroma de seus cabelos ~ incenso de Arlequim ~ .

- Ovacionar a insanidade é imperativo, meus caros. Quando caminhamos entre os sons as palavras não conseguem configurar meu epíteto - fogem irrequietas ou enrubescem-se ao meu toque - Apresento-me, faltando um pedaço de mim mesmo, para que me reconheçam por completo em momento futuro!

O ato de se levantar tornou-se tão subjetivo e peculiar neste momento que seria impossível descrever o movimento executado. O fato, apenas, é: houve uma reverência indolente.

Hybrid Persona.

3 comments:

Anonymous said...

Alu, esse seu texto tah bem interessante!! naum apenas pelo fato de q vc escreve suuper bem, mas o próprio tema em si.
foi até um tema que nós discutimos na aula de antropologia. existem previsões de q a linguagem falada vai suplantar o uso da linguagem escrita, principalmente pelos avanços da tecnologia.
O que eu, particularmente, acho mais irônico eh o fato de que as antigas civilizações que mais prosperaram foram as que dominavam a escrita.
Espero q isso naum gere uma discussão... XD

Vê se escreve mais!!!

hybrid_persona said...

Gostaria de responder de forma concisa, mas não posso.
É um fato que as pessoas tem a falsa impressão de que a linguagem escrita, culta ou erudita, é o ídolo máximo e a expressão última da linguagem de uma sociedade. Muito pelo contrário: não passa de uma das inúmeras manifestações comunicativas possíveis. Obviamente seria hipócrita super-estimar o valor da linguagem escrita já que o contato entre pessoas e a forma mais utilizada para comunicação se dá pela oralidade.
Outra ponto que eu gostaria de mencionar é relativo ao preconceito das pessoas com relação a quem "fala errado". Ora, não seria no mínimo ignóbil ignorar o significado de uma frase e prestar atenção somente nos erros de pronúncia ou entonação de alguém? O que vale em um diálogo não são as idéias que as pessoas tentam transmitir? Acredito que as pessoas devam refletir sobre o que é realmente importante. A forma ou o conteúdo.
Infelizmente eu tenho medo de saber a resposta.

Matem-se, meus caros.

Anonymous said...

Valor, fala-se ? Bah ! Valor deve ser dado sim ao que se tenta transmitir, concordo plenamente. O ponto interessante que vejo é a questão sobre trsnsmitir a idéia. Claro, sendo a idéia transmitida, não passa de arrogância tentar prevalecer sobre a idéia confrontante através do desmerecimento da forma de sua transmissão. Resta questionar: E quando a forma é falha a tal ponto que a compreensão torna-se comprometida ? Creio que determinado "nível" de correção deve ser mantido para preservar a compreensão total das idéias. Obviamente, até o presente momento me referi a textos escritos, visto que, quando analisamos diálogos, pouco importa onde está a virgula, ela não vai ser vista mesmo, e a compreensão da fala de alguém raramente torna-se prejudicada por erros gramaticais corriqueiros. Aliás, ao que se refere a sotaques e falhas fonéticas, vejo eu (e deixo bem claro ser uma opinião estritamente pessoal) que nada fazem senão trazer um pouco de cor e beleza a um diálogo, visto que o que torna um diálog omais agradável que ler textos é a voz do interlocutor ser única, ter seus trejeitos e falhas que a tornam única, sendo o que mais valoriza um diálogo.

Creio nada mais ter a acrescentar.