Saturday, March 25, 2006

Ego & Amor

¦3 *Comendo arsênico*
Louvada seja, Madame Bovary !

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Que noite indolente, a lua preguiçosamente observava a quietude dos becos e vielas das pequenas cidades, seus habitantes há muito se encontravam recolhidos, nas ruas apenas vagavam ermos os ébrios e os desajustados; no campo uma fácula de luz irradiada pela lua iluminava parcamente os vinhedos os pequenos jardins das propriedades e as grandes extensões de lavoura que exalavam odor de sofrido labor; era uma noite cálida e nada de extraordinário parecia estar acontecendo. No céu, algumas nuvens estavam espalhadas, e o brilho pálido que se refletia no cândido e prateado espelho que ornamenta o céu noturno dava a este um aspecto solene e funesto.

Os narizes de ambos quase se tocavam, as bocas estavam retorcidas e tesas, a senhorita mantinha as mãos virtuosamente postas sobre as coxas e sentia que inconscientemente apertava o tecido de seu frágil vestido fazendo-o se enrugar, os dedos trêmulos e o fito nas sobrancelhas e nos olhos dolentes do rapaz a sua frente, escorriam-lhe pela fronte algumas gotas de suor e o seu peito arfava de ansiedade.
Podiam ambos sentir a respiração um do outro acariciar doce e lentamente suas bochechas, a suavidade e a calidez da sensação os deixavam arrepiados; o jovem rapaz mordia o lábio inferior e nele pressionava os dentes com tanta força que chegava a gravar-lhe pequenas manchas rubras, ao vislumbrar a cena a senhorita contorcia-se intimamente desejando agarrar-lhe o pescoço e dizer-lhe loucuras.(não o fazia graças ao pouco pudor que lhe restava).

Subitamente, seguido de um susto e posteriormente o alívio uma das mãos percorre a infinita e inalcançável distância que parecia aprisiona-los em universos distintos, o gesto recíproco e o rubor imediato, ambos sorriam e os rostos apenas não fundiam-se em um só por ser humanamente impossível. Os lábios do rapaz, grandes e bem desenhados eram suaves como um botão de rosa quando deslizando pela pele casta daquela jovem donzela, os dela projetavam-se diagonalmente e de forma sedutora quando aspirava o ar com mais força para conter as concupiscências que vaguejavam por sua alma reprimida, que libertava-se da peia a que sempre estivera submissa. Em um instante milênios esvaíram-se pelos portões do infinito e era insopitável o desejo de ambos. ”Da-mo, o beijo. Com ternura ou lascívia, pousa teus lábios nos meus e deixa-me agasalhar-lhe a boca pela eternidade do efêmero.”Projetam-se os lábios e permeados por brumosas sensações. Mantinham os olhos cemi-cerrados desejando entregarem-se por completo mas, receando a perda da experimentação do empírico, a concretização das aspirações e o momento sublime, o eflúvio dos sentimentos para realização do inefável, enfim.

O beijo.

Ri-se da própria perspicácia Pantaleão, dito e feito! Ah! Colombina... !

Um sonoro ruído de desastre,e esparramado no chão está o pobre pantaleão, o vento uiva em seus ouvidos como uma platéia faz escárnio de um medíocre ator, for fim, os cotovelos escorregaram.

Não se despede, pois está desmaiado.

5 comments:

Anonymous said...

hm..otimo final, acho que não poderia haver um final mais perfeito pra tal história!
parabens novamente belo blog, ele esta cada vez melhor
e continue assim ~puta loca~
aoeihoeahoiea i.iv~~~
e..e..e...escreva mais histórias com esse tipo de fim! XD
eu adoro histórias assim! XD^v

Anonymous said...

xD yah concordo com o seifu \o\ ótimos final ^-^
Está escrevendo cada vez melhor moço ^^
Vou me o/

Anonymous said...

Bendito seja o Rei-Sol, pois o talento e eloquëncia Dele precedem a Majestade! i.i
Maldito seja o Alu, pq ele escreve bem demais UU' Estaremos esperando por mais obras o.o' Até mais ^^/
Go go, Hao /o/

Anonymous said...

Que terá acontecido a Pantaleão? Decerto sofreu a vingança de Arlequim. Será? Ou seria o violento Polichinelo?

Ou qualquer outra ironia do destino?

Texto impecável como sempre. Uma única ressalva, esta de gosto pessoal. Não aguento mais ouvir esta palavra "empírico". *arrepios*

Enfim... o que me assusta é Pantaleão ter consquistado Colombina... será que isto tem algum significado oculto?

Dizem que os leitores enxergam mais coisas nos textos que os escritores.

Será?

Anonymous said...

Qualquer dia eu vou reescrever meus textos... e dar um pouco mais de fluidez as idéias... talvez seja isso que separa o leitor do autor.