Wednesday, November 09, 2005

Nova Carta

O que acontece quando uma nova carta é tirada do monte?

Os valetes, em frenesi, preocupam-se em manter seus privilégios sobre a realeza, sempre estremecendo diante da possibilidade de serem sobrepujado por um ser estranho, algo que não conhecem. Porque tudo o que não conhecem é inferior.

Já as damas agitam-se mais com o recém-chegado. As de negro cochicham entre si com colhares furtivos.
"Por que algumas pessoas se vestem de preto?"
Já as damas de vermelho, mais atrevidas, não medem esforços em fazerem-se notar. Porque nunca valorizam o que já têm consigo, querem sempre o mais novo. (quanto a elas, prefiro velar-me em minha negra simpatia e abster-me de mais comentários)

Os reis, envoltos em seu explêndido manto de consciência de sua própria competência, nem notam que suas capas têm muitos centímetros a mais, e criticam logo as vestes prosaicas na carta nova.

Quem é o rei de um baralho de quatro naipes?

Só um curinga sobressai-se na multidão. Sem naipe, sem números ou letras. Nada a mais que os outros. É só diferente. Talvez tenha nascido assim.

É como o arlequim. Com guizos e cores, ri da vida e troça da futilidade que faz o mundo girar. É o louco. E é louco porque sabe o porquê de o mundo girar.

Só que as pessoas se recusam a ouvir.

Arlequim este que, recém tirado do baralho sorri para a vida, mas estremece diante da morte. E vira um pierrot. Perdidamente apaixonado e tolo por sê-lo, mesmo sabendo que seu amor é impossível. Porque mesmo sendo pierrot, ainda lembra-se da razão de tudo. Ou da maior parte, pelo menos.

Só esqueceu-se de como não temer a morte. E por isso afoga-se em desespero diante da possibilidade de perder quem lhe é querido. E, desesperado, abraça contra si a última carta do baralho, aquela que ameaça ser levada pelo vento, mas que lhe é mais amada.

Que os jogos comecem.

Pierrot.

9 comments:

Anonymous said...

Sempre soube q vc escrevia bem ^^
Na verdade... os jogos jácomeçaram. Mais verdade ainda é que nunca soube-se quando começaram... ou quando vão terminar ^^"

Anonymous said...

Blog do Tama? Legal!!! Mas gostaria que alguns posts fossem “não sérios”, pois Tama é muito engraçado quando fala “asneiras”. UAU!! Tama utiliza muitas metáforas. Tomar um jogo de cartas como referência é interessante. Nossa, você “manja” de teatro europeu... comovente. Eu quero saber, quero ouvir: o que faz o mundo girar? O mundo inteiro gira? Uhmmm, que delíquio... Enfim, o que é “mundo”? Essa é uma das definições mais difíceis de serem explicadas e compreendidas. Pode abranger somente o planeta Terra ou mesmo o espaço sideral inteiro, com todos os astros e sistemas de planetas eventualmente existentes. Provavelmente, no texto, o substantivo “mundo” foi utilizado na acepção de “planeta Terra”. Assim, em um sentido figurado, qual a futilidade que faz o mundo girar? Seria o dinheiro? Mas eu não considero o dinheiro tão fútil assim. Ou seriam as comunicações? Isso não é fútil mesmo. Talvez o fato de as pessoas estarem em constante mudança, buscando o progresso e desenvolvimento. Porém, isso também não é nem um pouco frívolo. O que seria, então? Responda-me, Arlequim...
Tama possui vocabulário bastante amplo, entretanto peca gramaticalmente em algumas ocasiões. Perdoe-me por reparar em tão diminutas irregularidades. Ainda assim, os textos são redigidos de forma admirável. Além disso, fico prazenteiro ao ver que os “porquês” foram utilizados de maneira correta!!!
Eu deveria elaborar um comentário mais prolixo. Contudo, minha exigüidade de tempo, criatividade e conhecimento não me permitem fazê-lo. Desse modo, encerro este singelo comentário com um extremamente alegre “tchau”, seguido por um penetrante e ardente “até mais!!!”.

Anonymous said...

Quase esqueci: devo executar uma citação (paráfrase ou frase própria). "Ele poderia ser meu amigo... se não fosse meu inimigo."
By seu cretino, estranho, indeciso, chato e ingênuo amiguinho... ainda assim, um grande amiguinho. Até!!!

Anonymous said...

o.ô

nossa! q complexo!

um post.. gerando varias perguntas..

u.u percebe-se q n eh apenas "mais um"


o_o/ fuiz!

Anonymous said...

Uma pena, que eu não seja o autor de todos os posts, tomem cuidado, esse blog não É MEU ... é apenas um espaço para exor idéias, e satisfazer o desejo de escrever, então cuidado com o que analisam, se alguém não pode ser reconhecido pelo que escreve, a falta é do amigo ou do escritor?

Anonymous said...

Gostaria que o admirável senhor "alguém muito bizarro" fosse um pouco menos pernóstico e poltrão.
Fazer uma crítica é analisar algo respaldado pela inteligência,no mínimo.
Julgo essas palavras como julgo um letreiro de armazém, sem um dono as palavras não passam de meros vernáculos, minha admiração por quem escreveu essa crítica é tão grande quanto a que sinto por um animal morto no limiar dos meus caminhos.

hybrid_persona said...

Mas que tipo de Arlequim eu seria se, ao primeiro questionamento, regurgitasse prontamente todas as respostas?

Não. Ao invés diso faço-me puramente mistério. Calo-me até o próximo post, onde talvez entendam um pouco mais sobre as indagações estranhas, ou sobre o estranho indagador.

Pierrot.

Anonymous said...

Ai, Tama... Imagino que pelo vocabulário empregado tenha sido você o autor deste belo poema. Talles tenta cortar as reticências, embora isto se torne um pouco difícil às vezes, então vai tentar emendar tudo na base das vírgulas.
Passamos, enfim, nossas vidas jogando cartas, e nossa vida é um mero jogo de cartas, por mais que queiramos e tentemos fazê-la ser algo a mais, o que nem sempre acontece. Os que conseguem, porém, se desvencilhar dos vínculos que os tornam iguais aos outros, uma carta simples do baralho, adquirem a sabedoria para se transformarem no coringa, aquela carta diferente que as outras cartas olham com estranheza por não se encaixar em nenhum padrão. E qual seria a função deste dentro do baralho? Mudar as outras cartas? Ajudá-las quando elas precisam? Mostrar que podemos mudar apenas se quisermos?
Sem isso não há mudança, então, assim como o arlequim mencionado, devemos encarar a vida com um sorriso, pois se aproveitá-la-mos, então a morte não será tão assustadora, pois o medo que a morte inspira é o de não termos feito aquilo que realmente quisermos. O mundo gira para não ficar entediado da estase das pessoas, para que alguma coisa mude diariamente, nem que seja a simples transição entre os dias e noites.
Talles acabou de passar por um transe de escrita que nem ele faz idéia do que escreveu. Então ele está pensando em copiar isso daqui que ele comentou e colocar no blog dele.
Bloody kisses with lots of glitter!!

Anonymous said...

que injustiça!!!!!!! viva o pierrot!!!!!

dpois de tanta filosofia, tenho apenas um questionamento em mente: caso ou compro uma bicicleta?